terça-feira

Caleidoscópio de Ecos

O mundo é uma ilusão, mas calma, é uma ilusão real, se assim podemos dizer. O mundo é um espelho e ele nos mostra o que queremos ver, o que sabemos ver, o que aprendemos e conseguimos ver. E aquilo que você enxerga, só é possível desta forma porque são os seus olhos. Quaisquer outros olhos, veriam coisas diferentes. Portanto, o mundo só existe de formas particulares; individuais, únicas para cada ser. Existe apenas um mundo ou universo, que se divide em bilhões, tantos quantos observadores existirem.

Não vemos o mundo como ele é, mas sim como nós somos. Construímos dentro de nós a imagem de mundo e nisso engloba-se tudo o que existe externamente. Seja um ambiente, uma pessoa, um animal, o gosto de uma fruta, o cheiro de um perfume. Tudo o que podemos entrar em contato por meio dos 5 sentidos. Essa imagem interna é contaminada por uma soma inimaginável de fatores, estabelecidos e edificados desde nossa concepção. Na medida em que temos essa consciência, podemos compreender melhor o outro. Isso é fundamental para a compreensão e  aceitação  de visões diferentes da nossa.

Somos seres acostumados a ir além, ultrapassar limites e a compreender  sistemas complexos. Por outro lado, temos muitos limites, não podemos ser outra pessoa, por mais que a conheçamos. Como alguém poderia dizer “te conheço mais que a você mesmo”.  Isso jamais será possível, essa sobreposição de identidade. Você estará sempre limitado a ver o outro como você é, não como ele é. Alguns limites são para serem ultrapassados, outros para serem respeitados, e esse é um deles. Isso se traduz em respeitar o outro. Para viver de forma saudável, é importante saber distinguir um momento do outro. 

Parafraseando o provérbio chinês: cuidado com o que você diz sobre o outro, pois você pode estar falando de si mesmo. A percepção de que por vezes nosso olhar, não alcança além de nosso próprio jardim, nos impõe um limite: se queres saber sobre o outro, não pressuponha, pergunte. Entender que do lugar onde ele está, consegue ver o que você de seu lugar não é capaz. E que bom que temos essa diversidade de percepções, isso nos torna mais ricos, mais compreensivos, mais tolerantes, mais gratos, mais humanos. Não julgues, mas se por acaso fores chamado a julgar, tente fazer fora do seu lugar, tente se colocar no lugar do outro. Pensar como ele pensa, imaginar vivendo como ele vive, tendo a vida que teve. Desta forma poderá entender melhor as escolhas que fez. E quem sabe, poderá contribuir com novas alternativas. A partir disso, cria-se a possibilidade de fazer novas escolhas. E assim, cria-se seres humanos livres.
Odair Comin

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