sexta-feira

Poesia: Ópio dos Desesperados


O sol estafado, deitou-se para dormir.
O céu escureceu-se de claridade.
O som da lua escorregou pela eternidade.
As estrelas cadentes choveram cintilâncias.
Cravejada de silencio, a noite ensurdeceu.
A madrugada acariciou a aurora.
Enfim o dia resplandeceu num sorriso.

Pelo fosco vidro, a clareza do real.
Pela pétala dengosa, o cavaleiro curvou-se.
A marcha submersa, estremeceu a nau.
Singrando o lago estático, contemplou.
Dedos translúcidos no lodo espectral.
A cegueira não poderia ser mais visível.
E num gesto, a tripulação desembarcou.

Desmedidos acordes, devolveram-lhe o tom.
O estribilho rompeu os tímpanos do refrão.
As cordas vocais ressoaram as do violão.
A voz duelou com as partituras.
Ele chorou pela menina, dos olhos.
Lágrimas de tartaruga desovaram.
Logo uma poesia nascerá.

Odair Comin

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